quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Um curso para saber viver, não há?

Hoje enquanto me dirigia para mais uma aula o meu pensamento não parava. Apesar do habitual sono das 7h da manhã, do trânsito também habitual da 2ª circular e ainda do mais que habitual frio que parece que nunca mais acaba, a minha cabeça rodava e rodava enquanto a música da Best Rock tocava e os meus pés se dividiam entre o acelerador e o travão.
Há quem diga que estou sempre a pensar em qualquer coisa. Que o meu cérebro é uma máquina que não tem botão off. Mas... eu gosto de ser assim. Gosto. Porque sempre consigo reflectir sobre aquilo que está perto de mim e que, por vezes, me passa ao lado. E é nestes momentos, comigo mesma, que tento encontrar explicações, justificações para o dia-a-dia a que assisto e que tanto me deixa com cara de ponto de interrogação.
Pensei no secundário. Senti saudades. Saudades de algumas pessoas... mas essencialmente do ambiente e da forma como nos encarávamos uns aos outros.
Nessa altura, eu queria imenso chegar á universidade... Pensava que lá iria encontrar pessoas mais maduras, com mais mentalidade, mais responsabilidade e que certamente o espírito de ajuda seria diferente, pra melhor. Mas parece que estou sempre a enganar-me com a vida. Não sei se sou eu que me iludo demasiado e subo muito alto ou se a vida não me grama muito neste aspecto. O certo é que, a vida universitária é muito mas mesmo muito mais cansativa, exige muito mais de nós e, deveria sim existir mais espírito de equipa e mais ajuda por parte dos colegas. A realidade é que, continuam a haver competições ridículas que nada servem para melhorar a qualidade de quem as faz, muito pelo contrário. Há pessoas que não vão para a Universidade para tirarem um curso mas sim para serem melhores do que os outros, para se destacarem. Eu, estando em Psicologia, sei perfeitamente bem que isso vem de trás... mas, também sei que estou a mudar. Que essas pessoas me estão a fazer mudar. Pra melhor? Pra pior? Não sei. Espero que seja pra me proteger, essencialmente, e se assim for será pra melhor.
Estar sempre disposta a ajudar e a esquecer-me que eu existo para me estar sempre a lembrar que os outros existem é estúpido quando começa a ser só de um lado, se é que me faço entender.
Ajudo quem me ajuda. Já há algum tempo que tenho adoptado este tipo de comportamento. Mas ainda assim, ás vezes dou por mim a pensar como tudo seria tão melhor se as pessoas se tentassem compreender umas ás outras antes de apontar o dedo e se mostrassem companheirismo e lealdade em vez de cinismo e falsidade.
Amizade? Disso já nem falo. Há muito poucas. Boas... mas muito poucas.
Falo em companheirismo, em espírito de equipa. Já nem isso vai havendo... Os outros? o que são os outros? Não há um único dia em que não note que os outros importam cada vez menos para cada um... Só importam mesmo quando se trata de competir com eles. Competir... ser melhor do que aquele, ou do que aquela. Pra quê? Não devíamos estar lá com o único objectivo de tirar o nosso curso? Não é pra isso que todos estamos lá?
São coisas que acho que nunca vou conseguir compreender... Quem sabe se não é por isso que estou em Psicologia? Pra tentar, ao menos.
Enquanto conduzia tudo isto me veio á cabeça. Estacionei o carro, no parque do costume, e preparei-me para mais uma batalha que é a vida!


O curso para saber viver? Chama-se vida e é o mais difícil de todos, mas ninguém o pode tirar por nós.

3 comentários:

Unknown disse...

Bem como gostei do teu blog!! vou te adicionar as minhas imaginações favoritas :D
Beijos

João Cordeiro disse...

Sabes uma coisa Tixinha, a vida é feita de recordaçõe. Eu enquanto faço a 2 º circular e o ic 19, penso igualmente em vários pormenores que fazem a diferença. As saudades, quem a snão sente por alguém ou por qualquer coisa...
A tua introspeção foi excelênte. Tocaste num ponto que me incomoda bastante. A competição. Vivemos neste momento uma verdadeira competição que começa, infelizmente no infantário, e não sei onde termina.
A propria amizade está viciada, por essa mesma competição. Corremos, injuriamo-nos, gritamos com tudo e com todos, queremos sempre estar na frente, na escola, no trânsito, no trabalho... enfim na vida. Mas, essa competição acaba sempre da mesma forma. Com "ela" não podemos competir, nem mesmo fugir.
Certamente que terás idade para ser minha filha (a filha que nunca tive), pois sou pai de um rapaz com 20 anos, mas conseguiste-me fazer sentir que realmente:"
O curso para saber viver? Chama-se vida e é o mais difícil de todos, mas ninguém o pode tirar por nós."
Parabéns pelo teu belo texto e pelo conteúdo mordaz que abordas.
Bjo

Patricia disse...

Carlota: Obrigada :) tu já lá estás adicionadinha tb.
Beijo.


João Cordeiro: Obrigada pelas tuas palavras. Tenho a idade do teu filho... 20 aninhos.
Eu penso demasiado em vários aspectos do meu dia-a-dia, coisas que acontecem mas essencialmente aquilo que acontece mais do que uma ou duas vezes... e o que escrevi tem acontecido bastante ultimamente, infelizmente. Mas penso que é geral. Antes não fosse.

Beijinho.