sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Sonhos de Incertezas

Preciso de sonhar - disse ela.
Afastou-se de tudo o que pudesse perturbar minimamente o seu pensamento e esqueceu que o mundo real existia.
Refugiou-se noutro mundo... Naquele dela. Que só ela conhece. Que só ela tem acesso. Que só a ela a chave pertence.
Deu um suspiro que lhe pareceu tão saudável, tão feliz... e esboçou um sorriso. É que, felizmente, aquele mundo fazia-a sempre sorrir, ao contrário do outro - o real. Por isso é que lhe fazia tão bem, de vez em quando, afastar-se dele e refugiar-se nos sonhos que o seu mundo lhe oferecia.
Por momentos pensou que estava a ser cobarde. Que era uma tentativa de fuga. Mas... logo de seguida descobriu que todos fazem o mesmo e que essa é a única maneira de conseguir viver.

Pôs musica. Aumentou o volume e por ali ficou. Só ela e o som do que a fazia feliz.
Era tão bom... Tão calmo... Tão... Ela nem tinha palavras para descrever a paz que sentia.
Fazia planos, conjecturas na sua cabeça... sobre si e sobre si com os outros. Sonhava baixinho, como um bébé que dorme quentinho no seu berço cheio de paz...
Assim era ela.
Apesar de quieta, o seu cérebro não parava um segundo. Nem podia. No dia em que ele deixasse de ser assim, era o dia em que a sua vida acabaria. Só fazia sentido se assim fosse. Assim... daquele jeitinho característico dela. E... se lhe dava prazer sonhar, sonhar e sonhar... porquê parar? Porquê mudar?
O sonho era uma das únicas coisas que a fazia feliz.

A música continuava a tocar... também ela sem parar e os seus pensamentos corriam ao som dela.
Acham que podemos pensar como duas pessoas diferentes?
Ela também pensava que não. Mas sente. Sente tanto... e parece que quanto mais luta para não sentir, mais difícil fica parar.
Deixar andar é tudo o que quer fazer mas há dias, momentos, horas, como as de agora, em que tudo é incerteza e sonho.

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