sábado, 6 de janeiro de 2007

Um Começo

Tudo começou com foguetes brilhantes e lindos, deitados a rigor, que faziam o céu encher-se de cores, beleza e alegria.O mar reflectia-os com a transparência que lhe é característica... Tal como eu, naquela noite em que tudo brilhava, deixava reflectir todos os meus medos e angústias, sem que ninguém conseguisse perceber.Ainda assim, exterior a tudo isso, dava por mim a contemplar o céu de variadas cores, que me fazia pensar ainda mais no facto da vida ser tão a preto e branco. Todos os 'porquê's' e 'senão's' da minha vida... e, provavelmente, de todos os que estavam comigo e, porque não, também daqueles que não estavam.Abrimos as portas de todos os sentimentos, pressentimentos, emoções, medos, dúvidas, e sabe-se lá mais o quê, ao novo ano. Recebi-o de braços abertos e o coração apertadinho. Tão apertadinho que já se tornava difícil conseguir abri-lo. Das poucas vezes que tentei só consegui fazer com que se fechasse ainda mais, daí não ter tentado forçar mais as portas, podiam estragar-se e arranjar umas novas não ía ser, de todo, uma tarefa fácil. Caminhei em direcção á vida e ela mostrou-me que nem sempre esse caminho é bom e aprazível. Há estradas sem iluminação, e as poucas que têm faltam-lhe, na maioria das vezes, bases sólidas onde assentarem. O medo é comum a todas elas... e eu descobri que, além de fechado, podia também magoar o meu coração... Passei por algumas dessas estradas e na maioria delas, consegui descobrir, no fundo da minha mala, uma lâmpada que me deu a luz que necessitava. Com ela foi muito mais fácil continuar.O meu coração continuava a pedir socorro e eu sentia-me inútil. Nada podia fazer para o ajudar... Não naquele momento, nem naquelas circunstâncias. Não sei qual de nós precisava mais de ajuda... Se eu, ou ele.Mas ele gritava... Gritava tanto. Ele chamava por uma luz que o guiasse e eu nada podia fazer a não ser vê-lo cair, cada vez mais fundo. Quando pensei que já nada o podia salvar, eis que surgiu a tão esperada luz... Que lhe devolveu a paz e a alegria tão esquecidas. Ele levou-me para caminhos imaginários onde eu nunca pensei ir. Ele sonhava e fazia-me sonhar. Ele acreditava e fazia-me acreditar. Ele sorria e fazia-me sorrir. Ele batia de alegria... e eu, sentia-me feliz por o ver assim. Nós dois tinha-mos ganho um motivo para acreditar que era possível.Até um dia, aquele em que eu menos esperava, aquele que eu pensei que não ía chegar tão cedo. Nesse dia a luz escureceu e com ela o meu coração. E com o meu coração, escureci eu.Chorei. Ele chorou. Revoltei-me. 'como pude deixar-me levar por um coração?'. Apesar de naquela altura a resposta não ter sido assim tão clara na minha cabeça, eu sempre a soube. Precisava de o ver feliz de novo... de conseguir abrir as portas que tão trancadas estavam e virei costas á razão.Mais tarde agradeci por ter feito assim. Ganhei mais uma pedrinha para juntar ás outras tantas que já consegui, que me ajudam a construir o meu castelo da vida.Mais quedas surgiram. Mais situações revoltantes. Mais desilusões. Mais e mais pedrinhas. Hoje, dia 30 de Dezembro, dou um sorriso quando olho para trás. Não porque esteja feliz. Não porque esteja divertida. Mas, simplesmente, porque estou aqui. Porque gosto de quem sou. Porque descobri que tenho uma força enorme em mim. Porque todas as lágrimas que caíram este ano, transformaram o meu sorriso e a minha maneira de ver a vida. Porque respiro. E... mais do que tudo isto, porque me apetece viver. Porque não preciso de motivos. Porque não preciso de luzes falsas. Porque eu basto-me. Porque a felicidade está dentro de mim e não nos outros.Naquela noite... em que as estrelas se ofuscavam por entre os foguetes, eu pensei que não as conseguia ver, tão cedo.Hoje, passado um ano, sei que apesar de, por vezes, estarem escondidas, se quisermos verdadeiramente, conseguimos sempre ver o seu brilho.





Um Desejo: Um Bom 2007
Uma Expressão: Um Sorriso :)

Sem comentários: