terça-feira, 6 de março de 2007

Introspecções...

Os sonhos todas as noites a fazem acreditar que ela tem tanto dentro de si que não consegue colocar cá para fora...
Nunca se deu muito bem a expressar-se. Para ela, sempre foi muito mais fácil escrever do que falar. Sempre lhe soube muito melhor pegar numa folha e numa caneta e escrever do que falar com as pessoas sobre o que estava a sentir. Com a escrita, as palavras soltavam-lhe dos dedos como se fossem folhas a cair das árvores num dia rigoroso de Outono e depois de o fazer sentia-se sempre tão bem, tão em paz consigo mesma que não conseguiu mais parar de escrever sempre que o seu coração lhe pedia. Já a falar, as palavras baralhavam-se e acabava sempre com a sensação de que, ou ficou imenso para ser dito, ou misturou tudo aquilo que queria realmente dizer. Era confuso para ela... Na verdade, havia momentos em que, na escrita, também sentia o mesmo, mas sentia-se sempre em paz quando terminava. Sentia sempre que tinha atirado para fora tudo o que há tanto tempo estava para sair de dentro de si.
Hoje ela sente-se sozinha. Não triste, mas sozinha. Triste seria injusto para com as pessoas que não largam a sua mão e estão sempre dispostas a emprestar-lhe o ombro para ela chorar e os sorrisos para ela dar cor á sua vida. E conseguem. Mas a solidão, essa, há momentos em que não a larga... Aquela solidão que faz com que ela se feche no seu mundo e role algumas lágrimas pela sua face, sem saber ao certo se o sal que sente nos seus lábios são apenas do sabor do seu choro ou do mar imenso que a sua vida tem.
Ela vai continuar a sonhar. Noite após noite. E esperar que surja algo que a faça acreditar que na realidade daqueles sonhos pode estar o sonho da sua própria realidade.

2 comentários:

João Cordeiro disse...

O sonho comanda a vida... já dizia o poeta.

Beijinho sonhador

Unknown disse...

O homem nunca pode parar de sonhar. O sonho é o alimento da alma, como a comida é o alimento do corpo.